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Vídeo homenageia compositor italiano
RECONHECIMENTO
Encantados pelo trabalho do compositor italiano Ennio Morricone, um grupo de alunos do câmpus Pelotas, liderado pelo professor Marco Fragoso, elaborou um vídeo para homenagear a trajetória do profissional. A iniciativa surgiu após o falecimento do compositor, em julho de 2020, e contou com a performance da trilha sonora do filme “Três homens em conflito”, considerada uma das mais influentes da história. Além do professor, a apresentação contou com quatro estudantes: Liliane Nunes, do design de interiores, Gabriel Lopes e Pedro Fernandes, da engenharia elétrica, e Renan Sanches, da química.
Conhecido pelos fãs de filmes de faroeste, Morricone compôs mais de 400 partituras para cinema e televisão durante sua carreira, tendo mais de 70 filmes premiados. Em 2007, recebeu o Oscar Honorário atribuído pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por todos os seus feitos, trabalhos e obras na música cinematográfica.
O vídeo faz parte de um projeto de ensino, que tinha como proposta inicial enfatizar o cinema italiano por meio das canções e trabalhar as trilhas sonoras dos filmes. Porém, durante a pesquisa, o professor acabou descobrindo um dos compositores mais relevantes do trabalho dos filmes de faroeste e se tornou um grande fã.
Juntos desde o final de 2015, o grupo permaneceu por mais de três anos analisando a história do cinema e dos compositores, assim como a harmonia, os ritmos, arranjos, cantos, as vozes e expressões das linguagens figurativas que as músicas traziam. Ao todos, foram oito canções estudadas minuciosamente pelos participantes.
Mas com a notícia do falecimento do ídolo, o professor decidiu convidar os estudantes para prestarem uma homenagem ao profissional e sua longa carreira. Além de ser uma forma de mostrar reconhecimento ao compositor, o vídeo também acabou se tornando o encerramento de um ciclo para o grupo.
Em meio a pandemia, o processo de gravação foi feito apenas com o auxílio do celular e fones de ouvido. Para isso, Fragoso conta que gravou a matriz da canção com a utilização de um metrônomo, aparelho que mede as batidas por minuto.
“Ouvi a canção original e descobri o número de batidas por minutos que ela apresentava. Gravada essa matriz, fiz uma filmagem tocando o violão, enquanto nos fones escutava o número de batidas por minuto para me orientar. Os alunos já não lembravam mais dos arranjos, então fui gravando em áudios os violões para que eles começassem a recordar”, destaca.
Cada membro do grupo utilizou dois celulares e um fone de ouvido para a gravação. Em um dos aparelhos ouviam a música, enquanto no outro gravavam o vídeo e a execução da canção. Em alguns momentos, os integrantes precisaram tocar mais de um instrumento, repetindo o processo. O professor ficou com a parte da harmônica cromática, conhecida como gaita de boca. Foi esse instrumento, tão presente em trilhas sonoras de filmes de faroeste, que inspirou a criação do trabalho.
Novas ideias para 2021
Baseado nessa experiência, a ideia de Fragoso para 2021 é trabalhar com a comunidade do IFSul sobre as técnicas composicionais. O objetivo é despertar a criatividade por meio dos diversos mecanismos que desencadeiam o processo de criação de uma canção. Assim, cada um dos participantes vai pensar na própria música, descobrindo seu estilo e gosto estético.
O projeto ainda está em fase de aprovação, mas a ideia é trabalhar com a criação, desde a elaboração da letra, como escrever textos em forma de canção, as melodias e ritmos, até o gênero e instrumentos que mais combinam com cada estudante. Até o momento, a forma como os encontros serão realizados, o número de vagas e o cronograma não foram definidos.
Conforme o professor, não é preciso ter conhecimentos na área para procurar o grupo, apenas interesse e vontade de aprender já são o suficiente. A intenção é partir do princípio de que os novos alunos ainda não têm experiência com a música e despertar neles a possibilidade de compor canções. No decorrer das aulas, será trabalhada a criatividade usando ferramentas e símbolos da música para alavancar o processo de criação em todos.
“Toda pessoa que procura aulas de música já tem estabelecido na sua consciência que quer tocar algum instrumento. É interessante ter sim o instrumento, mas não é um requisito. O importante é procurar entender a partir das aulas qual tipo de instrumento seria mais adequado para o aluno e com o passar do tempo isso pode despertar novas aptidões”, finaliza.