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Curso de francês destaca variações do idioma
EXTENSÃO
Observar as variações lingüísticas e desconstruir o preconceito lingüístico, além do ensino do idioma, foi um dos principais objetivos da “aula especial” ministrada no curso básico de francês, oferecido pelo câmpus Pelotas, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A atividade contou com a presença do estudante Peresch Aubnham Edouhou, natural de Makokou, no Gabão, África.
Conforme os organizadores, o que torna esse aprendizado possível e interessante aos estudantes é o contato direto com pessoas oriundas de outros países, além da França, que também têm o francês como sua língua oficial.
Por isso, a convite do professor Iago Nizolli, acadêmico do curso de Letras – Português e Francês da UFPel, os alunos do curso de Francês I puderam conhecer um pouco da história de Peresch, estudante do curso de Letras Português - Inglês da UFPel. Ele chegou ao Brasil em 2015 por meio do Programa de Estudantes - Convênio de Graduação (PEC-G).
Na oportunidade, Peresch pôde compartilhar um pouco de sua experiência com o estudo da língua e sua adaptação a cultura brasileira.
“Eu escolhi o Brasil pela possibilidade de estar em uma cultura diferente da minha, não apenas no idioma, mas nas relações interpessoais. Poderia ter ido para a França, mas queria um país diferente para ter outra visão de mundo", contou o estudante, que é fluente em português, inglês, espanhol, francês e alemão, além dos idiomas falados pelos povos Kwele e Kota, da África Central.
A respeito do estudo de idiomas e suas variações, Nizolli diz que a língua é um instrumento de poder e de identidade. Segundo ele, “ao legitimar, por exemplo, o francês do Gabão, se reconhece a liberdade e se respeita a diferença, expandindo o horizonte para além do senso comum hegemônico. A pluralidade da língua francesa com sotaques diferentes reafirma outras identidades".
Ele ressalta ainda que o preconceito linguístico interfere na liberdade identitária, pois o modo de falar traz consigo a cultura do falante.
Para Peresch, falar a língua nativa, sem se preocupar com o que é imposto pela sociedade, é uma questão de manter a sua própria identidade.
“Quando uma pessoa muda o modo natural de manifestar sua língua para adequar-se ao modo de falar hegemônico, acaba por negar a si mesmo”.
Comparações
Conforme o estudante, o primeiro impacto em terras brasileiras foi a alimentação e a forma como os brasileiros se relacionam com as pessoas. Ele comenta que, no Gabão, as pessoas são mais distantes e não se abraçam. Já a opção por Letras foi devido a sua identificação com os livros. Por ser introvertido, era neles que via contemplado seus pensamentos e inquietudes.
Numa comparação com o Gabão, Peresch comenta que o Brasil é mais desenvolvido economicamente, mas fica muito atrás no quesito violência.
O estudante, cuja conclusão da graduação está prevista para 2019, pretende ficar mais um tempo no Brasil, para conhecer outras regiões, e, antes de retornar a seu país, ainda deseja visitar um país de língua inglesa para aperfeiçoar sua formação.
Ao final de sua passagem pelo câmpus Pelotas, ao visitar a Diretoria de Pesquisa e Extensão (Dirpex), além de receber um abraço, ensinou outro cumprimento, tradicional em seu país e reservado a amigos, que consiste em um aperto simultâneo de mãos, o encostar de testas, duas vezes, uma à direita e outra à esquerda, como forma de demonstrar confiança e respeito.
Além de Peresh, o câmpus Pelotas já havia recebido, em agosto, o haitiano Christopher Rive Saint Vil, também estudante do curso de Letras – Português e Francês da UFPel.