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Alunos de eletrotécnica projetam central integrada de multimedição
TECNOLOGIA
Economia e praticidade reunidas em um único equipamento. Essa é a proposta da Central Integrada de Multimedição (CIM), projeto ambicioso desenvolvido por dois estudantes do curso técnico em eletrotécnica do câmpus Pelotas e que coloca em evidência o importante papel dos institutos federais quando o assunto é pesquisa aplicada.
A CIM é um equipamento eletroeletrônico, integrador, expansível, capaz de efetuar múltiplas medições elétricas de um circuito monofásico de corrente alternada, com supervisão em tempo real, por meio de software e aplicativos de monitoramento e controle. E é justamente essa possibilidade de realizar o monitoramento do consumo de energia a distância, pelo celular, por exemplo, um dos diferenciais do aparelho criado pelos estudantes Wesley Souza Link, 19 anos, e Wesley Krause Souza da Silva, 18, ambos do oitavo semestre do curso técnico em eletrotécnica.
A ideia surgiu há quatro meses. Desde então, foram dias, noites e muitos finais de semanas dedicados a tirar do papel uma central que pudesse integrar vários instrumentos de medida e realizar múltiplas funções, como: medir tensão, corrente, fator de potência, frequência e todas as formas de energia (ativa, reativa e aparente).
A CIM ainda é capaz de monitorar, em tempo real, o consumo de todas as formas de energia (kWh, kVArh, kVAh). Além disso, informa o gasto horário, diário e mensal da instalação, conforme tarifação selecionável, e permite que a inserção de parâmetros de informação ao sistema seja personalizada, podendo variar de acordo com a necessidade do cliente.
“Essa central foi pensada para um sistema monofásico, mas é possível desenvolvê-la para um trifásico”, destaca Link, de olho na grande fatia de mercado que a CIM poderá assumir nos próximos anos, sobretudo o nicho industrial.
“Com esta ferramenta é possível saber o consumo acumulado até então, mantendo o consumidor sempre informado acerca de seu gasto mensal com energia elétrica. Em uma indústria, a medição e o controle do fator potência são fundamentais. O fator de potência é a relação entre a potência ativa e a potência aparente. É vantajosa para qualquer consumidor a correção do fator de potência, mesmo não pagando sanções por baixo fator. É possível, através da correção, por exemplo, liberar uma certa parcela da capacidade em kVA do transformador”, explica Krause, parceiro de Link desde o início do projeto.
De acordo com Krause, a CIM foi projetada para, além de realizar mediações, atuar como uma espécie de disjuntor, protegendo o sistema de uma eventual sobrecarga do circuito.
O projeto está sob a orientação do professor Ricardo Rilho Medina, da eletrotécnica. Atualmente, o protótipo vem recebendo melhorias, e o próximo passo é consolidar a versão monofásica da CIM e padronizá-la de acordo com as normas vigentes, promover ajustes para proteção do sistema e criar uma carcaça e layouts de embalagem, já pensando em uma futura comercialização do produto.
Estima-se em R$600,00 o preço de mercado da central desenvolvida pela dupla de estudantes. Equipamentos com funcionalidades semelhantes, de marcas pioneiras, hoje estão sendo vendidos por mais de R$ 2 mil.
“No máximo em um ano, estaremos entrando com o pedido para registro de patente”, adiantam os estudantes.
Pesquisa aplicada
A Central Integrada de Multimedição (CIM) surgiu a partir da inquietação dos Wesleys durante as aulas e da incômoda pergunta: por que não integrar todos esses aparelhos de aferição existentes em um só?
Em quatro meses de trabalho, a dupla, que já está se formando no curso, precisou organizar uma rotina pesada de estudos, pesquisas e trabalho braçal para concluir o protótipo atual. Uma atividade árdua e multidisciplinar, já que foi preciso mobilizar conceitos ensinados desde o primeiro até o oitavo semestre, como eletrônica, medidas elétricas, sistemas de potência, microcontroladores, circuitos elétricos, entre outras.
Para o coordenador do curso técnico em eletrotécnica, professor Flávio Franco, a conclusão do atual estágio da CIM surpreendeu a todos.
“Foi tudo feito em tempo recorde. Por conta dos compromissos acadêmicos deles, cheguei a me questionar se realmente daria tempo de concluir todo o projeto de acordo com o que eles idealizaram. Fiquei muito feliz com o resultado obtido. Para nós, professores, essa conquista é motivo de muito orgulho”, revela.
Orgulhosos também estão os Wesleys, que, além do nome, compartilham também o sonho de ingressar no curso de engenharia elétrica. Na quinta-feira (11), eles fizeram questão de apresentar a versão atual da CIM para a direção do câmpus Pelotas. Do grupo, receberam muitos elogios e sugestões, entre elas, participar da tradicional Mostra Nacional de Educação, Ciência e Tecnologia (Mostrarob) do câmpus Pelotas, que este ano acontecerá de 11 a 13 de setembro. Os dois também foram convidados a apresentar o projeto aos novos estudantes do curso, no dia 25 de julho, durante evento de acolhida promovido pela instituição.
Conforme o diretor de ensino do câmpus, professor Rafael Krolow, são grandes as possibilidades de a CIM se tornar um projeto de ensino, envolvendo ainda mais estudantes e com possibilidades de concorrer a recursos financeiros via editais lançados pelo IFSul.
“Estamos realizando um sonho. Agradecemos a todos que nossos ajudaram nessa empreitada, sobretudo os professores e o próprio curso, que nos cedeu laboratórios, instrumentos e equipamentos”, finaliza a dupla.